Seja nos tempos antigos ou nos tempos modernos, nenhuma pessoa exerceu a influência de Paulo como intérprete de jesus. Alguns estudiosos têm acusado Paulo de rabinizar o evangelho, devido ao seu passado e treinamento do farisaísmo, ao passo que outros afirmam que ele corrompeu o evangelho mediante a injeção de filosofias e ideias helenistas, com base nas antigas religiões misteriosas. Porém até mesmo esses precisam reconhecer que ninguém jamais exerceu influencia como ele.
O livro de atos de forma geral demonstra que Paulo sempre foi apoiado pelos demais apóstolos e eles estavam em plenas condições de intervir caso não concordassem com os ensinamentos já que supomos que os apóstolos jamais abandonariam o evangelho de Jesus.
Naturalmente, isso não significa que a doutrina paulina não vá além de qualquer coisa que o Senhor Jesus ensinou. Paulo foi instrumento por meio de quem foram dadas novas revelações ao mundo, embora através da dispensação do Cristo ressurreto. Ele foi o vaso escolhido de Cristo glorificado para levantar a igreja cristã no mundo gentílico, revelando a todos os homens qual é a vontade de Deus por meio de sua igreja.
Naqueles primeiros tempos do cristianismo, Paulo ergueu, quase que sozinho, a igreja cristã no mundo pagão. Se tivermos de falar sobre a influência literária de Paulo, será extremamente difícil exagerar acerca do impacto que a sua epístola aos Romanos tem exercido durante todos os séculos. Dentro de sua mensagem jaz, em forma de semente, todas as características distintivas do cristianismo. Lutero costumava dizer que se pudéssemos preservar somente o evangelho de João e a epístola aos Romanos, o cristianismo seria salvo.
Como uma expressão total da fé cristã, nada que existe em todo o N.T., pode equiparar-se à epístola aos Romanos, ela expressa a teologia paulina, a qual tem determinado o rumo do pensamento teológico da igreja cristã. Sendo essa a principal das epístolas de Paulo, e sendo Paulo um dos mais importantes personagens da história da humanidade, essa epístola pode ser reputada como um dos mais importantes documentos que a raça humana conhece. Por todas as fases em mutação, em sua vida e trabalho, Paulo transparece o mesmo homem extraordinário, que se gloriava em ser escravo de Jesus Cristo e apóstolo dos gentios.
Tradicionalmente 14 livros são atribuídos a Paulo, desses, 9 livros chegaram até nós que gozam de uma aceitação quase universal como de sua autoria, a saber, Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses e Filemom. Dentre essas nove epístolas, quatro são aceitas sem discussão, universalmente, como saídas da pena do apóstolo dos gentios, sendo os escritos paulinos reputados clássicos, a saber, Romanos, Gálatas, I e II Coríntios.
Paulo já vinha sendo um missionário cristão por determinado número de anos, provavelmente doze anos ou mais, antes de ter ele escrito qualquer livro canônico. Muito provavelmente catorze anos já se havia passado, depois de sua conversão, antes que Paulo escrevesse a sua primeira epístola inspirada. Todas as epístolas canônicas de Paulo, que chegaram até nós, devem ter sido escritas durante um período que cobriu dezoito anos, de conformidade com a cronologia que podemos depreender do livro de Atos e das próprias epístolas paulinas. Isso deve ter acontecido entre 50 e 68 D.C., ainda que a epístola aos Gálatas possa ser datada até mesmo em 49 D.C.
Todas as indicações mostram-nos que o apóstolo escreveu a carta aos Romanos perto do fim de sua permanência na Grécia, ou seja, em Corinto, durante a sua terceira visita àquela cidade, Paulo escreveu essa epístola quando estava prestes a visitar a cidade de Roma (54-57 D.C). Esta epístola foi escrita, por várias razões, entre as quais, essa de anunciar a sua visita que tencionava fazer ali.
A igreja cristã da cidade de Roma já existia por algum tempo quando Paulo lhe escreveu a epístola que tem seu nome. A data e as circunstâncias da origem e da organização da igreja de Roma, entretanto, não podem ser determinadas com qualquer precisão, ainda que existam diversos informes tradicionais a esse respeito.
É bem possível que foram convertidos judeus, quando do dia de Pentecoste vindos de Roma a Jerusalém, a fim de participarem daquela festa religiosa, que voltaram à sua cidade; e, através de seu testemunho, formou-se um núcleo original, que formou aquela igreja local.
O apóstolo Paulo escreveu as suas epístolas principalmente para resolver dificuldades e questões locais, nas congregações cristãs; e a maioria dessas epístolas tem uma natureza eminentemente prática, aplicando-se de imediato às situações daqueles para quem o apóstolo escreveu.
Acima de todas as suas demais epístolas, Paulo escreveu aos Romanos a fim de fazer uma exposição ordeira e completa das mais importantes verdades cristãs. Sua intenção foi a de produzir uma missiva didática, que expusesse, em pinceladas largas, as características mais distintivas da fé cristã.
Em romanos existe um tema central, esse tema é a salvação ou redenção, esse tema envolve a salvação inteira e completa, do princípio ao fim. Isso é declarado em Rm 8.29-30. A glorificação em Cristo, mediante a transformação dos remidos segundo a imagem do Senhor Jesus, é o alvo e o destino dos crentes e para que isso se torne realidade precisamos do perdão dos pecados, da justificação, da santificação, da predestinação, da eleição e da segurança em Cristo. ainda que a plena transformação segundo a imagem moral e metafísica de Cristo venha a ocupar longo tempo. Não obstante, nenhum daqueles que pôs os pés na estrada que conduz de volta a Deus, por intermédio de Jesus Cristo, deixará de chegar finalmente a esse elevadíssimo alvo, ainda que venha hesitar aqui e ali, temporariamente, porquanto a promessa que Cristo fez a todas as suas ovelhas, e isso repetidamente, é que elas todas alcançariam a ressurreição para a glória eterna. (Ver, por exemplo, Jo 6.39,40,44,64, Rm 8.29; II Co 3.18; Ef 3.19; e Cl 2.10).
O ser humano será transformado em um ser celestial; será elevado muito acima da posição e da natureza dos anjos; de fato, participará da própria divindade, conforme o trecho de II Pe 1.4 ousadamente nos ensina. Todos os seus outros ensinamentos, como o do perdão dos pecados, o da justificação, o da regeneração, o da conversão, o da santificação, o da ressurreição espiritual em Cristo, o da ascensão em Cristo e o da glorificação em Cristo, são elementos participantes dessa grande e maravilhosa transformação segundo a imagem de Cristo.
Esse é o evangelho ensinado pelo apóstolo Paulo, esse é o grande tema paulino, que unifica todos os demais, ainda que, mui infelizmente, tenha sido praticamente negligenciado pela igreja cristã, até mesmo por sua secção evangélica. Essa é a salvação em sua definição completa, o verdadeiro alvo da existência humana.
Os capítulos primeiro a terceiro trazem a lume a acusação de Deus contra a culpada raça humana, composta de judeus e gentios, igualmente culpados.
Paulo tinha em mente uma religião mística na qual há um contato genuíno de Deus com o homem, por intermédio do seu Espírito, em que a salvação se torna uma experiência viva, e não uma doutrina inanimada e fria, como se tudo não passasse de assentimento a um credo de qualquer espécie.
A sentença oficial contra o homem reside em Adão, como representante da humanidade, ao passo que a redenção espiritual do homem reside em Jesus Cristo, através de quem fluem até nós todas as bênçãos celestiais.
Por semelhante modo, trata-se de uma doutrina mística, pressupondo um contato real, ao nível da alma, com o Espírito de Cristo, o que capacita o crente a ser vencedor. Assim, pois, a graça divina capacita o homem a triunfar. E essa graça divina é outorgada aos homens pela pura bondade e misericórdia de Deus, e não provocada por qualquer mérito que o homem porventura possua.
A experiência humana natural, entretanto, mostra-nos que pode haver aplicação desse ensino paulino a ambos os aspectos, e que esse conflito pode ocorrer tanto antes como depois da conversão.
As doutrinas da chamada, da eleição, da predestinação, da justificação, da glorificação, da herança e da segurança eterna.
Onde também se aborda a questão do que Deus fará acerca de suas promessas ainda não cumpridas, e também a questão do senhorio divino, são os temas dos capítulos nono a décimo primeiro.
Os capítulos décimo segundo a décimo sexto são de natureza acentuadamente ética, pois descrevem a conduta cristã ideal, tanto perante o mundo, como diante da igreja, como aos olhos dos irmãos na fé.